09/01/2012

Think twice before giggling

Na conferência da Comissão Nacional da Procriação Medicamente Assistida uma antropóloga de origem iraniana falou sobre como a PMA avançou no Irão graças a várias interpretações do Corão feitas por teólogos xiitas. Entre outras coisas, de como os avanços foram feitos, claro, com as balizas costumeiras: só entre marido e mulher, no respeito pelo sistema linhageiro e patriarcal. De vez em quando ouviam-se risinhos entre o público. É coisa expectável quando se referem costumes exóticos, mais ainda quando titilam uma certa islamofobia latente. "Bárbaros". ("Xiitas", pois). Curioso, no entanto, é pensar no desadequado da coisa: é que afinal não é tão exótico assim. Quando, entre nós, se proíbe o acesso de mulheres solteiras ou de casais de mulheres (ou de casais de homens, no caso da maternidade de substituição) às técnicas de PMA, não se está, no fundo, a "respeitar" o sistema linhageiro (na sua componente patrilinear) e o patriarcado (mulher sem homem não decide)? E, através de um suposto argumento secular, a reproduzir fatwahs que apenas uma certa vergonha social secularista já não deixa explicitar? Next time think twice before giggling.

Sem comentários:

Enviar um comentário