26/01/2012

Vender a democracia à cleptocracia

Pena o Brasil não se ter apressado. Apressado a entrar a sério na economia portuguesa. Em vez dele, Angola. O Brasil é uma grande democracia. Angola é uma cleptocracia, dominada por uma família que distribui os lucros do petróleo pelos dependentes. Não há um arremedo de redistribuição de riqueza. E funciona uma farsa de democracia. Que tem isto a ver com os negócios, transnacionais por natureza e supostamente desligados da política? Tudo. Porque se mesmo em circunstâncias de democracia a promiscuidade é grande - se bem que controlável, quer pelo estado de direito, quer pela pressão da sociedade civil e dos media livres - em circunstâncias cleptocráticas já não se trata de promiscuidade, mas sim de incesto. Vamos pagar um preço alto. Já o começámos a pagar - o caso desta semana, envolvendo a RDP, é um indício disso. A penetração do regime angolano faz-se nos bancos e em setores estratégicos, mas faz-se também num bem mais grave: a comunicação social. O que fazer: não ter medo de suspeitar da teia negócios-política-nepotismo-controlo quando se trata do regime angolano; não ter medo de chamar os bois pelos nomes: José Eduardo dos Santos e família, MPLA, ditadura encapotada, cleptocracia. E. sobretudo, não ter medo de pedir explicações e responsabilidade ao poder em Portugal quando se trata de negociar com Angola. Estamos em crise? Sim. A situação é excecional? Sim. Mas sempre me disseram que é nas situações limite que se demonstra de que se é feito. Mas se calhar os Relvas e os Coelhos não leram os mesmos livros.

1 comentário:

  1. Miguel, a Etnográfica não está a renovar subscrições para este ano?

    Cumprimentos

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