18/02/2012

Rush, hush

Parece que foi ontem, como se costuma dizer. Frio através de um buraco no chão do carro. O primeiro carro, pelo preço simbólico de um dólar, carro velho da família ganhando ferrugem com os nevões. Nevava. O primeiro grande nevão. O carro avançava aos ziguezagues, escorregando na película de gelo. Mas tinha de chegar. Avisos contra a condução ou não, tinha de chegar. Rush. Rush, nos dois sentidos da palavra. E chegou. E teve o seu primeiro homem. E foi do seu primeiro homem.

Passaram... décadas. Décadas. Caracóis negros longos deram lugar a cãs, deram lugar a entradas, deram lugar a cabelos brancos, deram lugar a superfícies quase lisas. Passaram homens, os ocasionais, e os da sua-deles vida, os que de uma forma ou outra ficaram. Agora o carro já não vem com buracos no chassis, agora aqui não neva. Agora há mais hush que rush. E, no entanto, é como se tivesse sido anteontem. O que aprendeu pelo meio foi pouco, percebe agora, não foi nada - se calhar porque é suposto ser pouco o que se aprende.

Não sabe nada sobre o amor. Sabe muito sobre muitas coisas, daquelas que se aprendem com o estudo e o trabalho e a experiência. Mas não sabe nada sobre o amor. É um puto (mas não é suposto sê-lo, um puto?). Dentro, e contra todas as expectativas, e contra a visão dos outros, está um rapaz. Tão ignorante, tão pateticamente ignorante, como o que patinava na neve. E tão endearing como ele.

Amou. Amou mesmo. Foi amado. Sabe-o. And that's just about it.

Sem comentários:

Enviar um comentário