04/03/2012

depois vieram os bancos



Nas últimas semanas os ensaios do coro para que entrei há pouco têm sido, excecionalmente, num local mesmo ao lado da minha antiga escola primária. De cada vez que lá passo fico meio tonto a olhar para aquela sucursal do Banco Santander. Escola no more. Era um pequeno colégio privado. O facto de o ter frequentado parece ilustrar a história recente do país. O meu irmão, quase 4 anos mais velho, frequentou o ensino público. Os meus pais estavam em "início de vida" e certamente tinham de controlar as despesas. Quando chegou a minha vez não só já teriam aumentado os rendimentos, como o país passava pela "primavera marcelista" (polémico conceito, bem sei), como eles achavam intolerável que eu frequentasse um ensino segregado por género. O meu colégio era oficialmente feminino, mas a diretora insistia em admitir, em regime semiclandestino, alguns rapazes (bem como fornecia um ensino parco em elogios nacionalistas e colonialistas). Estávamos treinados, os rapazes, para sair furtivamente por uma porta lateral caso aparecesse a inspeção escolar. A minha irmã, 9 anos mais nova, frequentou de novo o ensino oficial - as dificuldades financeiras no período da revolução eram manifestas e, por outro lado, o ensino era de novo misto e mais aberto ideologicamente (ou, segundo alguns, mesmo muito aberto).

Depois vieram os bancos, e tal. E ali está o Santander e nem vestígios da minha primária infância. (Eu sou - eu era? - o do fundo à direita).

2 comentários:

  1. Olá boa tarde !! Gostaria de saber onde ficava esse Colégio Privado, e como se chama a professora na foto. Aguardo a sua resposta, e obrigado.

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